O renascimento de Esmeralda?
O festival do Templo Hikawa.
O desespero tomou conta de seus corações enquanto tentavam proteger o corpo desmaiado de Joana, sentindo a barreira a fechar-se cada vez mais ao seu redor.
“STAR HURRICANE!” ecoou uma voz, sobrepondo-se a todo o ruído ao redor.
De repente, centenas de pequenas estrelas de quatro pontas surgiram do nada, unindo-se para formar um furacão carregado de energia branca que crescia a um ritmo alucinante.
“Vai colidir com a barreira! Protege a Joana, rápido!” exclamou Maria. Joana, que ainda estava caída no chão, foi protegida pelos corpos de Maria e Rita. O furacão atingiu a barreira soltando faíscas e com um estrondo ensurdecedor quebrando-a.
Rita olhou para o ramo de uma árvore ao longe, e na penumbra da noite avistou uma silhueta feminina de fato de marinheiro, com os cabelos a ondular ao vento formado pelo furacão, saltando para fora de seu campo de visão.
“Neptuno?” perguntou Joana confusa ao recobrar consciência.
Subitamente, três luzes brilharam intensamente. Maria olhou para seu peito vendo o Cristal de Júpiter faiscar com uma luz esverdeada. Nas mãos de Joana, o Cristal de Vénus brilhava com uma cor alaranjada. E nas mãos de Rita, o Cristal de Marte exalava uma luz como labaredas de fogo, de um tom avermelhado.
“Eu sinto…”
“…o poder…”
“…a voltar para nós. MARS CRYSTAL POWER…”
“VENUS CRYSTAL POWER…”
“JUPITER CRYSTAL POWER…”
“MAKE UP!!”
*
Esmeralda voava pelas sombras da noite, os seus longos cabelos esvoaçando atrás dela como as asas de um corvo noturno. Bunny, amarrada e impotente, debatia-se freneticamente, enquanto Esmeralda a segurava com um domínio firme, seu poder negro pulsando ao seu redor como uma aura sinistra. A lua, velada por nuvens sombrias, lançava apenas uma fraca luz sobre a cena. A expressão de Esmeralda era fria e impiedosa, seus olhos brilhando com uma malícia intensa. Enquanto Bunnyse debatia, Esmeralda observava com prazer sádico, saboreando cada momento de agonia que lhe infligia.
Bunny, com seus cabelos dourados em desordem, lutava com todas as suas forças para se libertar, mas seus esforços eram em vão contra a força implacável de Esmeralda, cujo controle sobre ela era absoluto. Enquanto voavam pelos céus escuros de Tóquio, Bunny sentia o desespero crescer dentro dela, pois sabia que o destino das seus amigas era incerto. O vento gelado da noite chicoteava o seu rosto, enquanto continuava sua luta fútil pela liberdade, cercada pela escuridão que parecia engoli-la por completo.
Esmeralda chegara finalmente em frente à residência dos Tsukino. As luzes estavam apagadas, o silêncio da noite completando um quadro de calma e repouso. Esmeralda largou Bunny, agarrou no seu leque vermelho e elevou-o ao ar, gritando “PODER NEGRO, FULMINA!“
Um trovão negro vindo do seu leque atingiu a porta de entrada da casa derrubando-a com um estrondo e estilhaçando todos os vidros da habitação.
“MÃE! PAI! CHICO! Não!!!” gritou Bunny horrozidada sobre a nuvem de fumo, enquanto tentava correr para dentro de casa.
Esmeralda retirou o seu brinco negro, que imediatamente reagiu magnéticamente e apontou o lugar do cofre no piso superior.
“Mãe… Pai…!” – gritou Bunny preocupada enquanto segurava a cabeça da mãe, que estava caída no chão. Felizmente apenas estavam atordoados e apresentavam algumas escoriações.
“Ai… O que se passou? Estás bem?” – perguntou a mãe de Bunny confusa com a cara coberta de pó.
“Mãe estou bem…! O Chico?” – perguntou Bunny com um sorriso de alivio mergulhado em lágrimas.
“Foi sair com uns amigos…” – disse o pai de Bunny ao lado, com um grande corte na cabeça.
Um riso cortante ecoou pelos corredores da casa, reverberando como uma melodia sinistra. Bunny viu Esmeralda tirar o medalhão dourado em forma de coração do cofre, com suas garras afiadas e determinação cruel. Com um movimento brusco, Esmeralda partiu o medalhão em diversos pedaços, enquanto raios de energia rosa irradiavam dele. No meio da explosão de luz, um cristal em forma de lótus emergiu dos destroços, a sua beleza luminosa contrastando com a escuridão ao redor. Ao toque de Esmeralda, o cristal transformou-se, assumindo uma forma redonda e escurecida
Bunny sentiu uma dor excruciante no seu peito no exacto momento em que o Cristal Prateado se metamorfoseava diante de seus olhos. As suas pernas vacilaram, incapazes de suportar mais o seu peso, e ela caiu no chão, uma mão pressionando seu peito enquanto seu coração batia descontroladamente, como se quisesse escapar do seu corpo. Uma sensação de vazio envolveu-a ao ver a sua essência, o seu Sailor Cristal, a sua semente de estrela, a ser roubada diante de seus olhos. Era como se parte de sua própria alma estivesse a ser arrancada, deixando-a frágil e desamparada.
Os olhos de Esmeralda fixavam-se no Cristal com um brilho diabólico, incapaz de acreditar que finalmente havia conquistado o tão cobiçado Cristal Prateado, por onde tantos haviam falhado. O riso malévolo dela ecoava pelos corredores, preenchendo o espaço com uma sensação de triunfo obscuro enquanto Bunny sentia a dor aguda do cristal enegrecendo sob o toque de Esmeralda. Uma sensação de desespero e impotência tomava conta dela, deixando-a sem forças diante do poder avassalador da vilã. “Tantos problemas no passado para consegui-lo… E foi tão fácil!” regozijou-se.
“Bunny o que se está a passar…?” – perguntou a sua mãe enquanto a abraçava, sem perceber o que estava a acontecer diante dela.
Com um sorriso triunfante iluminando seu rosto, Esmeralda virou-se para Bunny e seus pais, seus olhos brilhando com uma mistura de crueldade e satisfação. “Danos colaterais… É isso que acontece em todas as batalhas, uma pena,” disse ela com voz gélida, enquanto apontava ameaçadoramente seu leque vermelho carregado de energia em direção a Bunny. “A primeira parte da missão na Ásia foi concluída com êxito, matem-nos,” ordenou com frieza, lançando duas pedras ao chão. Um clarão envolveu-as, transformando-as em dois homens de aparência sinistra. Bunny reconheceu-os imediatamente como sendo Jedite e Zoisite, os generais com os quais lutara quando despertara como guerreira pela primeira vez. Jedite segurava na sua mão um punhal metálico.
Jedite e Zoisite fizeram uma vénia, os seus olhos vazios encarando Bunny e seus pais com uma intensidade arrepiante. “O que se passa? Que fazem aqui…?” perguntou Bunny, sua voz trêmula enquanto tentava recompor-se da dor que latejava no seu peito. O silêncio pesado que se seguiu aumentou sua ansiedade, cada segundo parecendo uma eternidade à espera de uma resposta.
Então, num instante, um miado agudo de gato cortou o ar, interrompendo o silêncio tenso da sala. Bunny prendeu a respiração. Zoicite gritou de dor, contorcendo-se diante do ataque repentino, enquanto Luna, a sua fiel companheira felina, saltava para suas costas. A pelagem negra de Luna brilhava à luz fraca da sala enquanto ela arranhava freneticamente Zoicite, deixando-o com vários cortes sangrentos. O rosto contorcido de dor e surpresa de Zoicite só aumentava o terror de Bunny, que sentia seu próprio coração a martelar no peito com uma intensidade assustadora.
“Animal impertinente!” gritou Jedite, a sua voz ecoando no espaço confinado da sala. Ele agarrou a pelagem de Luna arrancando-a das costas do seu companheiro, lançando-a com violência contra uma parede. O som abafado do impacto fez Bunny estremecer. “Morre!”
“PAREM!!” berrou Bunny. Ela sabia que precisava agir rápido para proteger aqueles que amava, mas o seu corpo estava fraco e sem força.
“SPARKLING WIDE PRESSURE!” bradou uma voz, seguida por um disco de raios que atingiu Zoisite, enquanto uma seta flamejante lançada por outra voz gritava “MARS, FLAME SNIPER!” Jedite caiu sob o impacto, e então uma terceira voz ressoou: “VENUS LOVE ME CHAIN!” Uma corrente amarela de energia envolveu Luna, puxando-a em direção a três figuras femininas.
As três guerreiras, imponentes e poderosas, apresentaram-se com uma solenidade que fez o coração de Bunny bater ainda mais rápido. “Segunda das quatro navegantes protetoras da princesa do Milênio de Prata, guerreira das chamas e da luta, protegida pelo planeta Marte, meu guardião. Sailor Marte!” “Terceira das quatro navegantes protetoras da princesa do Milênio de Prata, guerreira da electricidade e da natureza, protegida pelo planeta Júpiter, meu guardião. Sailor Júpiter!” “Líder das guerreiras protetoras da princesa Serenidade, guerreira da luz e da beleza, protegida pelo planeta Vénus, meu guardião. Sailor Vénus!”
As três guerreiras correram para o lado Bunny e seus pais que estavam tetanizados. “Bunny, leva-os para fora!” exclamou Marte entrepondo-se entre eles e os atacantes.
“Parecem mais poderosas desde o nosso último encontro… Mas adivinhem! Nós também!” exclamou Zoisite, elevando a mão no ar. Antes que pudesse completar o seu ataque, Júpiter interveio, a sua tiara brilhando com uma intensidade impressionante. “JUPITER, OAK EVOLUTION!” Centenas de folhas de carvalho carregadas de energia colidiram com o ataque de Zoisite, desfazendo-o numa chuva de faíscas.
Os dois generais continuaram sua furiosa ofensiva, dirigindo ataques poderosos repetidamente. Entretanto, o pai de Bunny conseguira levantar-se e guiava a sua filha e a sua esposa em direção á saída. Quando estavam a chegar à porta, Jedite avançou em direção a Bunny, determinado e implacável, agarrou o punhal, o seu olhar fixo e letal. “É o teu fim, princesa,” disse ele com uma voz firme.
“Por que fazem isso? Vocês estão ao serviço do Endymion, não entendo porq…” mas suas palavras foram interrompidas pelo golpe repentino do punhal, que atingiu seu peito com força no peito.
“BUNNY, NÃO!!!” gritaram as navegantes e os seus pais, horrorizados com a cena que se desenrolava diante deles. Mas para surpresa de todos, o punhal desfez-se em pó assim que tocou na pele de Bunny, deixando-a em estado de choque e incredulidade.
“Tem que parar! SAILOR V KICK!” exclamou Vénus, pontapeando Jedite, que se desviou com uma velocidade impressionante.
“Bunny para fora!” – exclamou Júpiter fazendo-os passar pela saída.
Marte desenhou um círculo de fogo no ar. “BURNING… MANDALA!” Os arcos de fogo atingiram os armários da cozinha, incendiando-os e derrubando-os com um estrondo ensurdecedor entre elas e os generais, que se moviam para escapar do incêndio. Júpiter erguia uma antena da sua tiara. “SUPREME THUNDER!” Vénus juntou-se à ofensiva com seu próprio ataque poderoso: “VENUS LOVE AND BEAUTY SHOCK!”
A energia combinada dos três ataques foi tão devastadora que fez o chão tremer sob seus pés, atingindo os dois generais no centro da cozinha, sacudindo as fundações da casa. O impacto foi tão poderoso que atingiu a botija de gás, fazendo-a explodir com uma força incrível. Chamas ardentes espalharam-se pela divisão, engolfando tudo em seu caminho num inferno de destruição.
Os móveis voaram pelos ares, transformados em projéteis pela explosão, enquanto as paredes tremiam e caiam em ruínas. O fogo rugia, devorando tudo no seu caminho com voracidade insaciável.
A meio ao caos, as guerreiras foram arremessadas para o jardim pelos ventos violentos da explosão. Bunny e seus pais, que já haviam encontrado abrigo seguro, observaram a cena com olhos arregalados de espanto e incredulidade.
Enquanto as chamas lambiam os destroços da cozinha, os corpos dos generais transformaram-se novamente em pedras, desaparecendo no meio dos escombros.
“Estão todos bem? Bunny?” perguntou Vénus, atordoada após o impacto.
“A-acho que sim…”
Enquanto isso, dezenas de vizinhos e curiosos reuniam-se na rua após ouvir o estrondo da explosão, sirenes da polícia ecoavam no ar. Chico, o irmão de Bunny, chegou nesse momento no carro com os seus amigos, apenas para desmaiar ao ver o estado da casa.
*